domingo, 22 de dezembro de 2013

1 ano e 1 dia

Ontem foi o aniversário de 1 aninho do Léo. Eu tive aquele ímpeto que me acompanha há muito tempo: o ímpeto de não fazer nada. Mas sucumbi aos pedidos do meu marido, e foi bom ter sucumbido. Uma delícia vê-lo em seu quartinho cheio de crianças brincando junto, um roubando brinquedo do outro. E quando a festa terminou e pus meu filho pra dormir, fiquei pensando que é inacreditável isso tudo que estou vivendo. Que parece uma outra vida aquela pré-filho. Cantei parabéns pro meu bebê, mas senti que cantava para mim. Há um ano eu morri e renasci. O processo foi doloroso e lindo, desesperador e doce. Ainda há luto em mim, mas há mais vida. Dentro e fora do peito.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

quase um ano

Difícil dizer quem mudou mais nesse ano, eu ou você, meu filho.

Você era aquele serzinho que não respondia a nada que não fosse desagradável. Só sabia chorar (e eu sei que foi um bebê bonzinho mesmo assim). E o tempo passou e com um mês você sorriu. E depois disso, mais dois meses e gargalhou. E logo virou uma pessoinha mais decifrável e extremamente agradável, feliz e tranquilo. Aí foi passando o tempo e foi crescendo sua curiosidade e sua estatura. Seu peso quase triplicou e sua altura aumentou em 50%. Seu sorriso se encheu de dentes e a careca, bem, a careca continua bem aparente, mas os fiozinhos dourados começam a cobrir sua cabecinha linda.

Eu passei pelo período mais difícil da minha vida, o ano mais difícil. Fui a um poço tão profundo que jamais imaginei existir lugar tão desesperador. Vi as horas se arrastarem enquanto o mundo me dizia que elas passavam rápido. Me senti um ET e mais sozinha do que nunca. E neste mesmo ano, devagar, consegui florescer, e virar mãe. E perceber a doçura que é ser a pessoa mais importante na vida de alguém para sempre. E a dor imensurável que é o mais curto dos choros, e a alegria descontrolada que é uma gargalhada de bebê. Tudo absurdamente extremado. Ainda não me acostumei com essa montanha russa, confesso. Acho que vai mais um tempinho. Mas o que importa é que agora eu sei que vale a pena. Só de imaginar meu filho dormindo, ou brincando, rindo ou chorando, eu já sinto fisicamente as reações químicas acontecendo em mim. Aquele chavão de virar bicho, enfim, é verdade.

Então acho que foi isso, meu filhinho: em um ano, de bicho você virou gente. Eu, de gente virei bicho. E em algum lugar no meio do caminho a gente se encontrou. E foi aí que eu entendi tudo o que poderia entender. E que tudo mais que eu não entendesse, é porque realmente não tinha como. E que vou ter que me acostumar com essa coisa de não entender porque agora vai fazer parte da minha vida. E isso dói mas faz crescer. Quase tanto quanto meu amor por você, meu titico.

quinta-feira, 21 de março de 2013

o peso do post inaugural

Não sei por quanto tempo este blog existirá. Há o risco de serem poucos meses, há o risco de serem muitos anos. Na verdade, tentarei não me apegar. Se tiver que morrer, morrerá. Mas acredito na terapia da escrita e do compartilhamento. Então aqui estou, tentando entender o mundo após o nascimento do Léo.

Foi em 20 de dezembro de 2012. Uma cesárea clássica que arrepiaria todos os pelos da hippyzada, após 40 semanas e 1 dia de gestação. Após 20kg ganhos e dores de todo tipo. Eu quis parto normal mas depois de 40 semanas pedi água.

Já no terceiro dia de vida do Léo eu percebi que algo estava errado. Foi na última noite no hospital. Bateu um desespero e todos, em uníssono, clamaram: Baby Blues!

Mas era mais do que isso, como a história contou. Cá estou, 3 meses e 1 dia após o nascimento do meu filho, lutando contra a Depressão Pós Parto.

Mas calma. Engana-se quem pensa que este blog falará de depressão pós parto. Este é um dos tags, claro. É algo presente na minha vida hoje. Mas há muito, muito mais que isso. E este espaço eu criei para escrever sobre o que me viesse a cabeça. Como minha vida agora orbita em torno do meu filho, acho difícil que o tópico saia muito de maternidade. E estou tentando encarar dessa forma - eu mudei. Minha vida mudou após meu filho. Ousaria dizer que quase renasci, não tivesse eu tantas vezes ao longo desses 3 meses flertado com a morte.

Enfim, estou aqui pensando em como fazer deste primeiro post um post que agregue, que se comunique com outras mães ou que apenas desaperte meu coração que hoje está especialmente apertado, por razão nenhuma. Mas ainda estou assoberbada demais para a causa e efeito. Escrevo e pronto. Depois a gente vê no que tudo isso vai dar.